O Barulho do Silêncio
(Foco
narrativo : 1ª pessoa / Tempo : 2007 / Espaço: Num cemitério )
Uau! Consegui acordar! Que noite horrível! Quase não
dormi... Ontem, dia 07/07! Que memória a minha! O ano? 2007!!! Ai
que arrepio! Fui ao cemitério, com meus amigos. Enterro de um
figurão da cidade. Foi um acidente de moto! Morreu no local. Havia
muita gente e não percebi as faces das pessoas. É claro, era um dia
triste. O silêncio reinava dentro dos corações. Sem perceber,
ficamos até o final. Algo nos atraia para aquele lugar sombrio e
aterrador! Olhamos juntos e fomos direcionados, feito zumbis, para um
jazigo negro...
De repente, um forte vento soprou e nos jogou para
dentro! Um horror! Olhei dos lados até me acostumar com a falta da
luz. Estava sozinho! Era um silêncio mortal. Nem meus pensamentos eu
conseguia ouvir! O medo me aterrorizou! E agora? Gritei, gritei, mas
minha voz ficou mergulhada em silêncio profundo. Lá fora, somente o
barulho do silêncio... Comecei me lembrar dos acontecimentos daquele
dia, que ainda não terminou. Por que meus amigos desapareceram? Deve
haver uma razão. Na penumbra daquele lugar, minha consciência
começou me condenar. O que tinha feito naqueles dias para me levar
desesperadamente para aquilo? Será que foi porque havia maltratado
alguns colegas? Não me considero assim tão ruim, porém confesso
que fiz algumas idiotices, das quais não me orgulho. Aquele apelido
horroroso deve estar me perseguindo, como vai acompanhar o meu
colega para sempre! Quantos murros eu desferi nas faces dos fracos da
minha curta vida... Hoje mesmo, tive vontade de jogar o meu amigo
para dentro do caixão do figurão! Só me contive porque fui atraído
para cá!
Meus olhos começaram a ver alguma coisa naquela
escuridão. Havia vários caixões colocados em gavetas. Observei
os nomes e seus epitáfios: “Devia ter amado mais e até chorado
mais, ter visto o sol nascer...”;“Deixei o mundo quando ele me
virou as costas”; “Passei meus dias e noites, tentando valorizar
meu próximo, mas não consegui...” A tristeza tomou conta de mim.
Observei um caixão que chamou a minha atenção por algum motivo.
Li: “Minha curta juventude me afastou dos meus amigos, pois não
tive tempo de pedir perdão...” Droga! Eu conhecia aquele
pensamento! Sempre tive medo de morrer jovem. De não ter tempo de
concluir o que comecei. Porém, depois de tantos anos, aqui estou
eu...