Olá, pessoal. Aqui estão as atividades desenvolvidas também em sala de aula.
Crônica e outros ...
Originalmente a crônica limitava-se a
relatos verídicos e nobres, pois tratava-se da compilação de fatos históricos,
apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo, como o dia-a-dia da corte,
as histórias, os reis, seus atos, etc.. Atualmente também abrange o noticiário
social e mundano. Conforme a esfera social que retrata, recebe o nome de
crônica literária, policial, esportiva, política, jornalística, etc.
Quanto ao estilo, geralmente é um
texto curto, breve, simples, de interlocução direta com o leitor, com marcas
bem típicas da oralidade. Quando predominantemente narrativa, possui trama,
quase sempre pouco definida, sem conflitos densos, personagens de pouca
densidade psicológica, o que a diferencia do conto. Os motivos, na maior parte,
extraem do cotidiano imediato. Além do tipo narrativo, também pode ser do tipo
argumentativo ou expositivo, como textos de opinião sobre temas diversos de
diversas áreas.
Há um meio certo de começar a
crônica: por uma trivialidade do cotidiano. Dizer: Que calor! Que desenfreado
calor! Fazer algumas observações acerca do sol e da lua, outras sobre a febre
amarela; mandam-se um suspiro a Petrópolis, etc. Pronto, está começada a
crônica.
“A crônica é algo para ser lido enquanto se
toma o café da manhã, pois ela busca o pitoresco ou o irrisório no cotidiano de
cada um. É o fato miúdo: a notícia em que ninguém prestou atenção, o
acontecimento insignificante, a cena corriqueira. Eu pretendia apenas recolher
da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano. Visava ao circunstancial,
ao episódico. Nessa perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina,
quer nas palavras de uma criança, num incidente doméstico, torno-me simples
espectador”.
Fernando Sabino. Trecho presente em
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário
de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica: 2008.
A crônica é um texto narrativo que:
§ É, em geral, curto;
§ Trata de problemas do cotidiano; assuntos comuns,
do dia a dia;
§ Traz as pessoas comuns como personagens, sem nome
ou com nomes genéricos.
§ As personagens não têm aprofundamento psicológico;
são apresentadas em traços rápidos;
§ É organizado em torno de um único núcleo, um único
problema;
§ Tem como objetivo envolver, emocionar o leitor.
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Ironia - consiste em dizer o contrário daquilo que se
pensa
O
povo
“Não posso deixar de concordar com tudo que dizem do povo. È uma decisão impopular, eu sei, mas o que fazer? É a hora da verdade. O povo que me perdoe, mas ele merece tudo que se tem dito dele. E muito mais.
As opiniões recentemente emitidas sobre o povo até foram tolerantes. Disseram, por exemplo, que o povo se comporta mal em gerais. Disseram que o povo é corrupto. Por um natural escrúpulo não quiseram ir mais longe. Pois eu não tenho escrúpulo.
O povo se comporta mal em toda parte, não apenas no futebol. O povo tem péssimas maneiras. O povo se veste mal. Não raro, cheira mal também. O povo faz xixi e cocô na escala industrial. Se não houvesse povo, não teríamos o problema ecológico. O povo não sabe comer. O povo tem um gosto deplorável. O povo é insensível. O povo é vulgar.
A chamada explosão demográfica é culpa exclusivamente do povo. O povo se reproduz numa proporção verdadeiramente suicida. O povo é promíscuo e sem-vergonha. A superpopulação nos grandes centros se deve ao povo. As lamentáveis favelas que tanto prejudicam nossa paisagem urbana foram inventadas pelo povo, que as mantêm contra os preceitos da higiene e da estética.
Responda sem meias-palavras: haveria os problemas de trânsito se não fosse pelo povo? O povo é um estorvo.
É notória a incapacidade política do povo. O povo não sabe votar. Quando vota, invariavelmente vota em candidatos populares que justamente por agradarem o povo, não podem ser boa coisa.
O povo é pouco saudável. Há sabidamente, 95 por cento mais cáries dentárias entre o povo. O índice de morte por má nutrição entre o povo é assustador. O povo não se cuida. Estão sempre sendo atrelados. Isto quando não se matam entre si. O banditismo campeia entre o povo. O povo é ladrão. O povo é viciado. O povo é doido. O povo é imprevisível. O povo é um perigo
O povo não tem a mínima cultura. Muitos nem sabem ler ou escrever! O povo não viaja não se interessa por boa música ou literatura, não vai a museus. O povo não gosta de trabalho criativo, prefere empregos ignóbeis e aviltantes. Isto quando trabalha, pois há os que preferem o ócio contemplativo, embaixo de pontes. Se não fosse o povo nossa economia funcionaria como máquina. Todo mundo seria mais feliz sem o povo. O povo é deprimente. O povo deveria ser eliminado”.
Luis Fernando Veríssimo
Responder:
1. Na organização do texto, pode-se
perceber que há uma oposição básica: povo versus elite. Quais são as ideias que
se opõem em relação a esses dois polos, respectivamente?
2. Identifique no texto trechos em que culpam o povo:
a. pelos problemas de trânsito.
b. pela explosão demográfica.
c. pelas eleições mal sucedidas
3. Frases convencionais, cristalizadas, tais como “o povo não sabe votar” que passam a ser tomadas como “verdades” são responsáveis pela manutenção da ideologia dominante.
Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.
4. O autor usa em seu texto, a estratégia do dizer – ironia - que consiste em dizer uma coisa para que se entenda outra. Portanto, quando o autor critica o povo, na verdade, quem ele está criticando?
5. A estratégia usada pelo autor possibilita que se estabeleça um jogo de imagens: o interlocutor pensa que ele é alguém que na verdade ele não é. Explique essa afirmação.
6. Esse jogo de imagens criado pelo autor estabelece no texto a ironia. Comente.
7. Retire uma passagem do texto que comprove dizer que na verdade, o fator econômico determina os hábitos do povo.
8. De acordo com a ideologia da classe dominante, o homem do povo é uma vítima do sistema, ou um ser “inferior de nascença”?
2. Identifique no texto trechos em que culpam o povo:
a. pelos problemas de trânsito.
b. pela explosão demográfica.
c. pelas eleições mal sucedidas
3. Frases convencionais, cristalizadas, tais como “o povo não sabe votar” que passam a ser tomadas como “verdades” são responsáveis pela manutenção da ideologia dominante.
Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.
4. O autor usa em seu texto, a estratégia do dizer – ironia - que consiste em dizer uma coisa para que se entenda outra. Portanto, quando o autor critica o povo, na verdade, quem ele está criticando?
5. A estratégia usada pelo autor possibilita que se estabeleça um jogo de imagens: o interlocutor pensa que ele é alguém que na verdade ele não é. Explique essa afirmação.
6. Esse jogo de imagens criado pelo autor estabelece no texto a ironia. Comente.
7. Retire uma passagem do texto que comprove dizer que na verdade, o fator econômico determina os hábitos do povo.
8. De acordo com a ideologia da classe dominante, o homem do povo é uma vítima do sistema, ou um ser “inferior de nascença”?
Charge
Charge é um estilo de ilustração que
tem por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento
atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e
significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para
torná-lo burlesco. Muito utilizadas em críticas políticas no Brasil. Apesar de
ser confundido com cartoon (ou cartum), que é uma palavra de origem inglesa, é
considerado como algo totalmente diferente, pois ao contrário da charge, que
sempre é uma crítica contundente, o cartoon retrata situações mais corriqueiras
do dia-a-dia da sociedade. Mais do que um simples desenho, a charge é uma
crítica político-social onde o artista expressa graficamente sua visão sobre
determinadas situações cotidianas através do humor e da sátira. Para entender
uma charge não precisa ser necessariamente uma pessoa culta, basta estar por
dentro do que acontece ao seu redor. A charge tem um alcance maior do que um
editorial, por exemplo, por isso a charge, como desenho crítico, é temida pelos
poderosos. Não é à toa que quando se estabelece censura em algum país, a charge
é o primeiro alvo dos censores.
Nesta
charge, fica evidente a crítica acerca da irrelevância que questões sérias
assumem diante do clima da Copa do Mundo. Todas as atenções estão voltadas para
motivos da Copa. Já a fome, a pobreza e a miséria são questões colocadas à
margem dos interesses dos brasileiros. Isso revela total descaso com a camada
desprivilegiada social, cultural e economicamente. Tal crítica é revelada pelos
quadrinhos quando o pintor, na parede, pinta a bandeira do Brasil. Não se
importando ou não fazendo questão de observar o mendigo pedindo esmola, o
pintor acaba pintando o miserável como se este fosse a continuação da parede:
nada naquele momento seria mais importante que torcer e idolatrar a seleção
brasileira de futebol.
Seguindo
o exemplo de cima, escreva sobre a charge abaixo:
Responda:
a) Para que
servem as charges?
b) Onde
encontramos esse gênero textual?
c) Quais as
características desse texto?
d) Quais os fatos
retratados em cada uma delas?
e) Que
conhecimentos você utilizou para responder a questão d?
Artigo de opinião
O artigo de opinião, como o próprio
nome já diz, é um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante de algum
tema atual e de interesse de muitos. É um texto dissertativo que apresenta
argumentos sobre o assunto abordado, portanto, o escritor além de expor seu
ponto de vista, deve sustentá-lo através de informações coerentes e
admissíveis. Logo, as ideias defendidas no artigo de opinião são de total
responsabilidade do autor, e, por este motivo, o mesmo deve ter cuidado com a
veracidade dos elementos apresentados, além de assinar o texto no final.
Contudo, em vestibulares, a assinatura é desnecessária, uma vez que pode
identificar a autoria e desclassificar o candidato. É muito comum artigos de
opinião em jornais e revistas. Portanto, se você quiser aprofundar mais seus
conhecimentos a respeito desse tipo de produção textual, é só procurá-lo nestes
tipos de canais informativos. A leitura é breve e simples, pois são textos
pequenos e a linguagem não é intelectualizada, uma vez que a intenção é atingir
todo tipo de leitor. Uma característica muito peculiar deste tipo de gênero
textual é a persuasão, que consiste na tentativa do emissor de convencer o
destinatário, neste caso, o leitor, a adotar a opinião apresentada. Por este
motivo, é comum presenciarmos descrições detalhadas, apelo emotivo, acusações,
humor satírico, ironia e fontes de informações precisas. Como dito
anteriormente, a linguagem é objetiva e aparecem repletas de sinais de
exclamação e interrogação, os quais incitam à posição de reflexão favorável ao
enfoque do autor. Outros aspectos persuasivos são as orações no imperativo
(seja, compre, ajude, favoreça, exija, etc.) e a utilização de conjunções que
agem como elementos articuladores (e, mas, contudo, porém, entretanto, uma vez
que, de forma que, etc.) e dão maior clareza às ideias. Geralmente, é escrito
em primeira pessoa, já que trata-se de um texto com marcas pessoais e,
portanto, com indícios claros de subjetividade, porém, pode surgir em terceira
pessoa.
Vamos praticar?
Pense num assunto sobre o qual você poderia emitir
a sua opinião. Produza um Artigo, seguindo as características acima.
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